CÂNCER X DIETA
As
estatísticas atuais são assustadoras: hoje, 1 em cada 2 cães possui câncer. Pois
é, essa é a doença que mais atinge nossos mascotes atualmente. E apenas 10% dos
casos de câncer têm origem genética. Os restantes 90% são resultado do estilo
de vida que proporcionamos aos nossos animais e de fatores externos como:
estresse, obesidade, infecções, vida sedentária, poluição e toxinas e – a maior
fatia – ALIMENTAÇÃO.
Segundo estudos,
cerca de 30 a 40% de todos os tipos de câncer podem ser prevenidos se adotarmos
uma simples alteração na dieta dos nossos animais. (Canine Nutrigenomics)
Pois é, assim
como você, o seu cachorro também é o que ele come.
Um dos
maiores problemas de animais com câncer é a caquexia ou perda involuntária e
progressiva de peso. Esta acentuada perda de peso, devida a alterações
metabólicas da doença ou do tratamento, diminui a qualidade de vida do animal,
diminui a resposta ao tratamento da doença e diminui o tempo de sobrevida do
animal. Por isso, a alteração da dieta para uma alimentação natural pode também
ajudar a estimular o apetite do mascote.
Além
disso, instituir um plano nutricional adequado a cada enfermo e enfermidade
amplia as nossas possibilidades terapêuticas, melhora os prognósticos e a
sobrevida dos pacientes.
A
utilização de alimentos que apresentam componentes com propriedades e efeitos
medicamentosos sobre o organismo (chamados nutracêuticos, alicamentos ou
alimentos funcionais), colaboram na prevenção e no tratamento de enfermidades.
A aplicação deste tipo de alimento na dieta diária do pet com câncer é citada
por diversos veterinários holísticos em todo o mundo como um fator
imprescindível na redução de alguns tumores, no impedimento da disseminação de
outros, na desintoxicação relacionada a fatores carcinogênicos e na prevenção
de outros mais. Tais alimentos também compensam desequilíbrios e desajustes
alimentares através de componentes biologicamente ativos como leucotrienes,
polifenóis, licopenos, antioxidantes, carotenóides e etc, além de agirem
diretamente sobre a dinâmica da célula cancerígena.
Um aporte
constante de alimentos ricos em compostos anticancerígenos é uma arma
indispensável para combater e/ou impedir o desenvolvimento do Câncer. Assim
como evitar alimentos que possam vir a nutrir as células cancerígenas também é
muito importante.
Pesquisas
científicas em câncer desde a década de 90 vem demonstrando que uma nutrição
baseada em baixa porcentagem de carboidratos, alta proteína e gordura de boa
qualidade são as mais indicadas, pois favorecem o metabolismo
do doente e não o da célula tumoral.
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Carboidratos: o vilão da dieta anticancerígena |
Numa
dieta anticancerígena, um dos maiores vilões é o carboidrato, pois é do açúcar
proveniente destes nutrientes que as células tumorais se alimentam. A glicose
constitui o principal substrato energético do tecido neoplásico em crescimento.
Portanto, a estratégia de uma dieta anticancerígena consiste em forçar o tumor
a utilizar outros substratos para contribuir na redução da proliferação celular.
Os carboidratos mais indicados no caso do câncer são os que contêm menos açúcares
ou baixos valores glicêmicos como brócolis, couve flor, couve de Bruxelas,
vagens, repolhos, abobrinhas e batata yacon. Devem-se evitar batatas, batatas
doces, mandiocas, abóboras e cenouras.
Apenas
20% do volume total de cada refeição ou menos, no caso dos portadores de
câncer, deve estar constituído de carboidratos.
Boas
fontes de proteína animal devem ser utilizadas, como carnes e vísceras de
bovinos, ovinos, suínos, aves, peixes e ovos. Alguns destes alimentos (carnes e
peixes) contêm duas substâncias importantes numa dieta anticancerígena: a
arginina, que, em alguns trabalhos científicos tem aparecido com efeito de retardar
a progressão de tumores; e a glutamina, que também poderia ter efeitos supressores
na carcinogênese e apresenta um intenso efeito imunoestimulante, indutor de uma
maior imunomodulação em todo o organismo, a qual reduziria as taxas de
crescimento do tumor e das metástases (Souba, 1993; Kaufmann et al.,2003).
Já a utilização de laticínios e seus
subprodutos é contra indicada por muitos autores, em indivíduos portadores de
câncer.
Diferentes compostos bioquímicos nos alimentos exercem diferentes ações sobre
as células cancerígenas e os processos cancerosos:
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Verduras crucíferas: bloqueio da ação de substâncias cancerígenas |
• Bloqueio da ação de substâncias cancerígenas:
brócolis, repolho, alho, Ômega 3 (atum branco, sardinha, salmão, cavala pequena
ou óleo de peixe e óleo de linhaça ou borragem), morango, legumes crucíferos
(couve, couve de bruxelas, couve flor, couve chinesa, brócolis)
• No bloqueio da promoção do desenvolvimento da célula cancerosa:
cúrcuma ou açafrão-da-terra, chá verde, soja, tomate, legumes crucíferos (uvas
somente para humanos!)
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Frutas Vermelhas: Bloqueio da progressão da célula cancerosa |
• No bloqueio da progressão da célula cancerosa:
mirtilo, morango, Ômega 3, cítricos, morango, frutas vermelhas, alho, alho,
alecrim, tomilho, orégano, manjericão, hortelã.
Redução da
angiogênese (formação de vasos sanguíneos que nutrem os tumores e facilitam as
metástases): cúrcuma, gengibre, chá verde, legumes crucíferos, salsa, aipo,
frutas vermelhas (morango, mirtillo, amora, framboesa)
• Induz apoptose (morte celular programada) de células
cancerosas: chá verde, cúrcuma, legumes crucíferos, alho, alecrim, tomilho,
orégano, manjericão, hortelã; salsa, aipo, algas, frutas vermelhas (morango,
mirtillo, amora, framboesa)
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Nutracêuticos: agem no controle da imunidade e das inflamações
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• Aumentam imunidade: os cogumelos,
Shiitake, Maitake, Enokitake, Cremini, Portobello, Ganoderma, Cordiceps,
Agaricus
• Efeito anti-inflamatório: alecrim,
cúrcuma, salsa, aipo, cítricos (laranja, limão, tangerina, grapefruit ou
pomelo), romã
E já que eu acabei me convencendo, por
todas as informações acima e mais algumas que, se eu for expor aqui esse post
vai acabar virando um livro, de que a alimentação natural é mesmo a melhor
opção para a saúde dos nossos animais, optei pela mudança não somente na vida
da Cléo, como também da Alegria.
Mas, ATENÇÃO, para dois pontos importantes:
1) Toda e qualquer alteração alimentar deve ser feita gradualmente,
principalmente em animais com doenças debilitantes.
2) Alimentação natural NÃO É RESTO DE COMIDA e nem o compartilhamento
da sua dieta com o seu mascote!!
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Cléo e Alegria na primeira consulta com a Dra Ana Carolina Rúbio |
Antes de partir para a mudança, consulte
um médico veterinário especializado que irá te orientar a oferecer uma dieta
balanceada e equilibrada, baseada em ingredientes frescos e naturais,
preferencialmente orgânicos, especialmente preparados para o consumo canino. E,
mais que isso, especialmente elaborada para o seu animal, como indivíduo. Aqui
em casa, por exemplo, a comida da Cléo é diferente da comida da Alegria, tanto
em quantidade, quanto em nutrientes e suplementos. A dieta da Cléo é
anticancerígena, para um animal idoso, com problemas articulares, que precisa
de um controle de peso rígido. A da Alegria é para um animal jovem, esportista,
cheio de energia e em crescimento.
Para quem não quer ou não pode preparar
a comida em sua própria casa, hoje já existem diversas opções de empresas que
oferecem no mercado um amplo leque de produtos que vão desde refeições
desidratadas, passando por enlatadas e chegando às congeladas. Algumas disponibilizam
receitas já prontas, para cães que não possuem nenhum problema de saúde ou
restrição alimentar. Outras elaboram as dietas personalizadas, elaboradas por
um veterinário nutrólogo. Num próximo post, falarei sobre as empresas de alimentação natural que já conhecemos, quais as vantagens de cada uma, quais os sites de referência sobre o assunto e, claro, contaremos como estamos nos organizando em relação às viagens, com a nova dieta.
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Dieta personalizada: para as necessidades de cada cão |
Conheci, na época, a empresa Pet´s Mash – Alimento natural para Cães, criada por médicos veterinários nutrólogos que oferecem um
acompanhamento nutricional personalizado para atender às necessidades do seu
pet. A Dra. Ana Carolina Rúbio (Veterinária nutróloga), em nossa primeira consulta, já me esclareceu
tudinho sobre o que a minha filhota, Cléo, deveria ingerir para que pudéssemos manter
as células cancerígenas sob controle e o que seria abolido do seu cardápio, dali
por diante. E assim iniciamos a base do nosso protocolo de tratamento do
câncer.
Se a alimentação natural é mais difícil
de manter? Pode ser. Se o custo é mais alto do que a ração? Depende do tipo de alimentação
que se for optar, dos fornecedores que escolher e do tipo de ração que fazia
uso. Se dá trabalho para armazenar? Um pouco, se considerarmos que tenho duas
cachorras de porte grande. Mas, considerando o que eu já gastei, em tempo,
dedicação e dinheiro, para exames, cirurgia, medicações, terapias e todos os
outros cuidados que a doença da Cléo tem me demandando, se eu fosse colocar
tudo isso na ponta do lápis, a conta não fecharia. Se eu tivesse aberto a
cabeça para esse assunto antes, com certeza já teria mudado de conduta e optado
pela alimentação natural desde quando ela ainda era filhotinha. Talvez não
tivesse evitado a doença, talvez sim. Mas eu estaria com uma sensação um pouco maior
de “fiz a minha parte”.
Uma amiga querida, e adepta da
alimentação natural para seus filhotes (com a qual eu tiro muitas dúvidas,
inclusive), me disse uma coisa importante: “Cada
pessoa tem o seu tempo de absorver informações novas. Você levou o seu tempo. O
importante é que nunca é tarde e você fez o “seu melhor” diante do seu
conhecimento e continua fazendo isso”.
Talvez, o mais importante na hora de
decidirmos qual o tipo de alimentação vamos oferecer aos nossos cães, seja
pensarmos com carinho se estamos de fato fazendo tudo aquilo que podemos por
eles. E isso, certamente depende de muitos fatores. A resposta para essa
questão não é, e nem pode ser a mesma para todos os proprietários. Mas foi a
minha resposta para a Cléo. E pude mudar a história com a Alegria, que
praticamente acabou de chegar.
Larissa
Rios