terça-feira, 4 de dezembro de 2007

GENTLE LEADER

Enforcador = cabo de guerra
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Estou crescendo e me tornando uma bela Golden Retriever adolescente. Mas também ficando bastante forte e um pouco impulsiva. Geralmente sou bem comportada, atendo aos meus donos e costumo ser obediente. Claro que, como todo filhote (sim, sou grandona mas ainda um filhote) às vezes me empolgo, deixo a alegria e a energia tomar conta de mim e acabo passando um pouco dos limites. E sou logo repreendida, com razão. Mas, nesta fase de amadurecimento, de indefinição entre a infância e a adolescência, é comum os cães – por mais disciplinados que sejam – testarem até aonde vai o poder liderança dos seus donos. Isso acontece mesmo na natureza onde, dentro das matilhas, o líder é desafiado a todo o tempo e, se bobear, perde o “trono”. Mas os meus donos não dão bobeira. Qualquer sinal de que eu esteja “botando as patinhas de fora”, logo sou recolocada em meu lugar. E eu concordo pois, um líder além de controlar, também serve para nos guiar, ensinar e proteger. Nos passa mais segurança. Liderança não é sinônimo de violência e crueldade. E sim de respeito, cuidado e amor. Pelo menos é assim na minha matilha, com os meus donos, e é assim que deveria ser em todas as outras matilhas.

Pausa para a explicação científica (o meu Blog também é ciência!!!)

A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA

No Período da Adolescência até a Maturidade (de 1 a 4 anos) os cães começam a testar os outros membros da matilha para saber quem é o líder. Quando a matilha é formada pelo cão e seu donos, ele irá testar, na maioria das vezes, por meio de brincadeiras. Por isso é importante mostrá-lo, carinhosamente, quem é que manda.

Qualquer tipo de atividade violenta, mesmo que lúdica (como, por exemplo, brincar de cabo-de-guerra ou deixar que o filhote lhe dê mordidelas), é desaconselhável. Ensine os comandos básicos de obediência (Senta, Deita, Fica e Vem) e exija-os em troca de comida, atenção ou qualquer outra recompensa. Esse processo ajuda a estabelecer uma hierarquia correta.

Na tentativa de tomar a liderança, alguns cães podem mostrar sinais de agressividade. Mas não se assuste, pois é um comportamento normal, embora deva ser cuidadosamente inibido. Se sentir que o seu cão o está dominando e que você não consegue reverter a situação, procure imediatamente um profissional competente e peça-lhe ajuda.

Ser líder não envolve apenas dominância, mas também responsabilidade. No nosso mundo (o dos cães), o líder da matilha é responsável pela sobrevivência dos membros do grupo. Graças às suas habilidades, o líder conduz os seguidores até a comida e a água. Ele decide quando caçar; decide quem come, quanto e quando; decide quando descansar, quando dormir e quando brincar. O líder impõe respeito através de sinais e atitudes e estabelece inúmeras regras e disciplinas que são impostas por ele ao grupo. Por milênios agimos assim e essa estratégia só tem obtido sucesso. A vida fica mais fácil e menos estressante para nós quando seguimos as regras, os limites e as restrições que o líder da matilha nos impõe.

Para nós (os cães), a hierarquia é obrigatória e, portanto, só existem dois papéis num relacionamento: o de líder e o de seguidor. Dominante e submisso. Ou é branco ou é preto – não existe meio termo no mundo canino. Quando um cão vive com um ser humano, para que este seja capaz de controlar o comportamento do animal, deve se comprometer a assumir o papel de líder 100% do tempo.

A palavra dominância faz as pessoas pensarem em crueldade, mas é importante lembrar que, no reino animal, a palavra crueldade não existe. E a dominância não é um julgamento moral nem uma experiência emocional. É simplesmente um estado de ser, um comportamento tão natural quanto acasalar, se alimentar e brincar.

Submisso, também no nosso mundo canino, não é um julgamento ético. Não designa um ser humano ou animal fraco. Submisso não quer dizer vulnerável ou ineficiente. É simplesmente o estado de espírito de um seguidor.

Entre todas as espécies que vivem em grupo, deve haver certo grau de dominância e submissão para que a hierarquia dê certo.

Ao contrário do que muita gente pensa, o líder da matilha costuma ser o membro mais querido do grupo, recebido com carinho e alegria pelos outros membros quando volta de uma caçada ou de um passeio. Se você conseguir ser o líder do seu cão ele o respeitará mais e gostará mais de você.

Nós (cães) não levamos para o lado pessoal o fato de vocês (humanos) nos tirarem o papel de líder. Pelo contrário, a maioria de nós até se sente aliviada por saber que seu dono é o líder. Já que nos integraram ao mundo de vocês, existem muitas decisões diárias complicadas que precisam ser tomadas e para as quais a natureza não nos preparou.

Mas lembre-se: quando um cão percebe que o seu dono não está pronto para o desafio de liderar a matilha, ele entra em cena para tentar ocupar esse espaço. Faz parte da nossa natureza agir assim, para tentar manter a matilha funcional. Alguém tem que comandar o espetáculo!!

E não pode ser apenas 80% do tempo. Tem que ser 100%. Se você exerce apenas 80% da liderança, seu cão o seguirá em apenas 80% do tempo. E nos outros 20% ele comandará o espetáculo. Se você der ao seu cão a chance de ser líder, ele não vai desperdiçá-la.

A questão da liderança é importantíssima. Quanto mais respeito e mais carinho o seu cão sentir por você, mais fácil e prazeroso será o convívio.


Pois bem, num desses arroubos da adolescência, passei a exercer alguma força excessiva durante os passeios. Especialmente com a minha dona, que era um pouco mais fraca. Mesmo com o enforcador, eu praticamente a arrastava desde casa até a pracinha, onde sabia que seria solta. Já ouvia suas queixas de dores nos braços e até mesmo calos nas mãos. Era quase um verdadeiro “cabo de guerra”.


Pausa para a explicação educativa (o meu Blog também é educação!!!)

O ENFORCADOR

Enforcadores são “coleiras” que, sob pressão, enforcam o cão. São úteis, pois fica mais fácil e seguro controlar o seu cão, diminuindo a força com que ele será capaz de puxá-lo durante o treinamento ou nos passeios. Mas são acessórios que não devem ser usados como símbolo de autoridade ou para punir o cão.

O enforcador deve ser utilizado apenas quando o cão estiver sendo treinado, passeando ou sob supervisão humana, já que existe a possibilidade dele se enforcar acidentalmente. Traumatismos na traquéia e hematomas sublinguais são alguns dos problemas que o uso indevido do enforcador pode causar.

O enforcador deve passar pela cabeça do cão o mais justo possível. Quanto mais justo estiver no pescoço do cachorro, menor será a chance dele conseguir tirá-lo ou de enroscá-lo em algo.

O enforcador tem o intúito de chamar a atenção do cão através de uma sensação desagradável (de enforcamento) todas as vezes que ele tracionar excessivamente a guia. Sozinho, não soluciona o problema de cães que puxam a guia durante passeios, mas, sem dúvida, auxilia na correção desse comportamento.

É importante que o enforcador seja discreto para o cão: quanto menos óbvio ele for para o animal, melhor será o resultado. Nós cães relacionamos tudo o que sentimos e percebemos ao aprender e, se formos sempre treinados com um equipamento muito óbvio, responderemos melhor apenas quando estiverermos utilizando aquele equipamento. Você não quer que o seu cão obedeça somente quando estiver usando o enforcador, não é mesmo? Portanto torne esse acessório o mais discreto e imperceptível possível.

Enforcadores de náilon são melhores que os de metal porque são mais silenciosos e, por isso, menos perceptíveis para o cão.

O enforcador deve afrouxar assim que você aliviar a tensão em que a guia estava sendo mantida; para isso deverá deslizar facilmente, o que só vai ocorrer se tiver sido colocado da maneira certa.

Como colocar o enforcador:
1. O enforcador possui duas argolas do mesmo tamanho em suas extremidades
2. Passe o cordão por dentro de uma das argolas
3. Puxe o cordão por dentro da argola até as extremidades se tocarem
4. Olhando o cão de frente, forme a letra “P” com o enforcador e coloque-o no pescoço do cão.

Atenção: Esta maneira de colocar o enforcador é para conduzir o cão do lado esquerdo. Para quem, por algum motivo, prefere conduzir o cão do lado direto, deve-se “fazer um P” invertido com o enforcador antes de passá-lo pela cabeça do cachorro.

Alguns cães engasgam, enforcam-se e não param de puxar a guia, mesmo com o enforcador (como era o meu caso!!). Como alternativa existem alguns equipamentos considerados mais eficientes que o enforcador porque facilitam o controle da força de tração, ensinando os cães a não puxarem a guia, sem a necessidade de enforcá-los. São eles:

- Loop: Peitoral modificado para causar desconforto quando o animal traciona a guia. Peitorais normais estimulam o cão a puxar cada vez mais a guia.
- Halti: Coleira de cabeça, toda vez que o cão puxa a guia a cabeça dele vira automaticamente, o que o faz aprender a parar de puxar. Não é uma focinheira e não machuca o cão. Quando tracionado também fecha a boca do cão.
- Gentle Leader: Semelhante ao Halti, porém mais simples. Ambos funcionam bem.

Todos estes equipamentos permitem que o cão transpire, beba água e morda, mas, mesmo assim, devem ser utilizados sob supervisão humana.

A desvantagem destes equipamentos é que o seu uso deve ser introduzido aos poucos ao cão, pois, no começo é natural o cão se sentir incomodado com o equipamento e tentar tirá-lo.


É aí que começa a minha história. Os meus donos conheceram o “Gentle Leader”. Traduzindo ao pé da letra: “líder gentil”. Exatamente como diz o próprio nome, o equipamento permitiu que a minha dona recuperasse o controle total dos nossos passeios como num passe de mágica. No começo confesso que me senti meio ridícula, todo mundo (humanos e cães) me olhava como se eu fosse um E.T. Tentei me revoltar, arrancar aquilo do meu focinho. Disfarçava, mas ela é esperta e logo percebia. E, na mínima tentativa de passar à frente e arrastá-la, lá ia a minha cabeça para trás e, consequentemente o meu corpo acompanhava. Afinal, aquilo nem era tão ruim assim. Só uma questão de costume e nossos passeios ficaram muito mais agradáveis. Até dá para eu brincar com o meu dadinho!!!

Bom, como diz a regra da matilha, tem que existir um líder. E, por mais que eu me esforçasse e que ela às vezes fraqueje e sucumba ao meu jeito doce e maroto de ser…ela venceu!!! Eles (os meus donos) são os líderes e ponto final. E eu não os amo menos por isso. Ao contrário, me sinto segura por saber que os tenho para me guiar, cuidar, proteger e alimentar. No fundo, se eu conseguisse assumir a liderança, como iria dar conta deles???? Melhor deixar como está. Assim sou mais feliz!!


Dá até para brincar com o meu dadinho!!!

Várias explicações educativas (o meu Blog também é educação!!!)

O GENTLE LEADER

O Sistema de Controle Comportamental Gentle Leader foi desenvolvido pelo Dr. R. K. Anderson, médico veterinário, e por Ruth E. Foster, antiga Presidente da Associação Nacional de Instrutores de Obediência Canina dos Estados Unidos, com o objetivo de dar às pessoas um rápido, humano, e eficaz controle sob os seus cães.

E, de fato tornou-se um instrumento revolucionário no relacionamento “Cães-Humanos” oferecendo às pessoas que amam os seus cães uma nova maneira de promover o comportamento desejado e abrir um canal de comunicação com seus animais. Além disso, se utiliza dos instintos naturais do cão para estabelecer a liderança de cada membro da família humana sobre o animal - desde uma criança de três anos de idade até a pessoa mais idosa.

O Gentle Leader age de três formas:

1. Uma pressão branda é transferida para o dorso do animal, estimulando naturalmente o seu relaxamento (da mesma forma que a cadela quando carrega seus filhotes agarrando-os pela nuca);
2. Pressiona gentilmente o focinho não interferindo em sua respiração;
3. Atua como o cabresto de um
cavalo – aonde a cabeça vai o corpo segue.

É justamente esta última ação que garante o sucesso do Gentle Leader. Você já viu algum cavalo com uma coleira enforcadora ou colar de pinos? O cabresto é o instrumento óbvio para facilmente se controlar o mais forte ou chucro dos cavalos. Nenhum dono de cavalo jamais pensaria em tentar controlar o animal com uma corda ou corrente em volta do seu pescoço. Os inventores do Gentle Leader usaram justamente o seu conhecimento do controle dos cavalos, gado, e ovelhas com cabrestos e adaptaram este bem sucedido instrumento para os cães. O resultado foi uma coleira com um ajuste perfeito e que guia a cabeça e o corpo do cachorro, enquanto, ao mesmo tempo tem a vantagem de se utilizar dos instintos naturais do animal em responder a pressões em pontos específicos no seu focinho e pescoço.


Gentle Leader: para todas as raças.

O Gentle Leader possui duas tiras de náilon macias, cada uma destas tiras tem uma função distinta e importante. A tira do pescoço, que fica posicionada no alto do pescoço, bem atrás das orelhas, aplica uma pressão na parte traseira do pescoço, ao invés de na garganta, utilizando seu instinto natural de relaxamento com um surpreendente efeito calmante; e a tira do focinho, que fica frouxa e confortável em volta do focinho do cachorro, e atua dizendo para ele na sua própria linguagem que você é o líder (nas matilhas de cães, o líder da matilha demonstra sua posição social mordendo de maneira firme, porém gentil, o focinho de um subordinado com a sua boca).

Seus benefícios não se restringem somente ao controle dos puxões e empacadas. A coleira Gentle Leader também facilita o ensinamento do comando “senta” (levante o focinho do seu cachorro para o alto que ele irá abaixar instantaneamente os seus quadris); previne os pulos (ajuda você a controlar seu cachorro nas posições "em pé", "senta", ou "deita"); controla latidos excessivos (com um simples puxão na guia para fechar a boca – não sendo necessário gritar ou repreender seu cachorro); controla a agressividade (com a supervisão de um profissional, pode ser bastante eficaz para controlar e resolver problemas de agressividade); e não enforca (dá o controle de uma forma humana e gentil - a pressão é aplicada na parte traseira do pescoço, ao invés da garganta).

Muitas autoridades reconhecidamente famosas em comportamento animal, medicina veterinária, e treinamento de obediência usam e recomendam a coleira Gentle Leader como alternativa mais eficaz e fácil de usar do que os enforcadores ou colares de pinos. Os resultados surpreendentes podem ser vistos em minutos. E o mais importante: tudo isso sem enforcar, machucar, dar choques ou coisa semelhante!


GENTLE LEADER X FOCINHEIRA

O que mais me irritou e me irrita até hoje é a reação das pessoas quando saio às ruas desfilando com a minha Gentle Leader. Eu sei que muitas pessoas não conhecem, mas perguntem antes de tirar qualquer conclusão precipitada ou julgar os meus donos com comentários do tipo: “Nossa, que maldade!!”, “Coitadinha da cachorrinha”, “Oh, meu Deus, o que estão fazendo com você?”, ou ainda, “Mas porque cargas d’água vocês colocaram uma focinheira numa Golden??!!”. Ou pior, há pessoas que simplesmente atravessam para o outro lado da rua em desespero quando nos vêem nos aproximando!!!

Então, que fique bem claro que a coleira Gentle Leader NÃO É UMA FOCINHEIRA.

Quando ajustada propriamente, a Gentle Leader permite que o cachorro abra a boca para comer, beber, latir, pegar coisas, e até morder - menos quando você fecha sua boca puxando a guia.

Já a focinheira, é um acessório necessário para lidar com os cães em algumas situações nas quais os animais, mesmo os de temperamento manso, podem morder (por exemplo, quando estressados, com medo ou dor). Por lei, a focinheira é obrigatória durante os passeios para determinadas raças e cães bravios.

Mas nem todas as pessoas conhecem os diferentes tipos de focinheiras e como usá-las corretamente. Existem focinheiras de contenção, usadas para procedimentos rápidos como exame veterinário, vacinação e curativos, e focinheiras de passeio, para situações nas quais o cão deverá permanecer contido por mais tempo.


Modelos de focinheiras para curtos períodos de contenção.Mantém a boca do cão fechada.


Modelos de focinheiras para passeio ou longos períodos de contenção.

A diferença importante entre os tipos de focinheiras e, principalmente, entre a focinheira e a Gentle Leader, está na possibilidade do cão permanecer com a boca aberta no interior do acessório.

Cães e gatos não possuem glândulas sudoríparas (as glândulas de suor) como as pessoas. São essas glândulas as responsáveis por diminuir a temperatura do organismo em situações de extremo aquecimento, como dias quentes, exercícios intensos, etc… Na falta delas, o animal transpira apenas pela língua e utiliza o mecanismo da ofegação para “refrescar” o corpo. O cão ofegante não necessariamente está cansado, ele pode estar com muito calor e diminuindo a temperatura de seu organismo. O animal inspira ar frio e expira o ar quente. Fazer isso apenas com o focinho não seria suficiente, então, o cão realiza todo esse processo rapidamente pela boca. Se não conseguirem manter a boca aberta e fazer esta “troca de ar” podem sofrer hipertermia (superaquecimento do organismo).

O problema é ainda pior quando o animal faz exercícios físicos, principalmente durante altas temperaturas no verão. Quando o cachorro caminha, aumenta a troca de oxigênio por gás carbônico. Se ele estiver com a boca fechada por focinheira, entra em processo de acidose, ou seja, falta oxigênio durante a respiração e aumenta a quantidade de ácidos, podendo chegar à morte.
Daí, podemos entender porque o animal não pode permanecer de boca fechada por longos períodos.

Além de impedir a transpiração, o uso de focinheira ainda pode estressar o animal. Esse problema é maior em raças como a Rottweiller, que já têm pré-disposição ao estresse. O estresse também é um risco para o animal. Em graus elevados pode causar a morte.

O uso de focinheiras inadequadas pode causar danos para a saúde do animal e levá-los, inclusive, à morte. E não adianta evitar que o animal morda as pessoas na rua, se a focinheira colocar em risco a saúde dele. Por isso, os veterinários orientam os proprietários de animais para escolherem aquelas que tenham espaço para o animal colocar a língua para fora e transpirar. Os demais tipos de focinheiras, que deixam a boca do animal fechada, devem ser usados somente em ocasiões especiais, como aplicação de vacinas ou injeções.

Outro problema observado, na obrigatoriedade do uso de focinheira, é a falta de condicionamento do animal. O animal tem que ser condicionado para algumas atitudes. Não se pode, de uma hora para outra, colocar focinheira em um cachorro que nunca a usou, para ele caminhar por um período prolongado. Ele tem que se acostumar aos poucos.

A focinheira quando usada corretamente não causa qualquer dano. Porém, é preciso usar sempre o modelo adequado à situação. As focinheiras de passeio oferecem conforto ao animal e impedem acidentes no caso dele avançar ou atacar as pessoas. Os modelos de metal são bastante arejados e é possível, inclusive, que o cão beba água quando a estiver usando. Devem ter espaço para que ele possa manter a boca aberta o suficiente para poder ofegar.

A maioria dos proprietários de cães é preconceituosa em relação ao uso da focinheira. Quando abordados sobre este assunto é comum perceber neles barreiras culturais e psicologias que os impedem de aceitar o uso do equipamento. Dizem que é uma agressão ao cão, que o sufoca, o deixa feio, com aparência agressiva, que seu cão detesta usar sem nunca ter experimentado e se já experimentaram não fizeram a correta adaptação ao animal para aceitar e associar a focinheira como algo agradável ou usaram uma inadequada, de má qualidade e desconfortável.

O importante é tentar desmitificar e reverter esse preconceito, até mesmo porque, em algumas situações, não há outra opção. Para o bem do animal e da comunidade, é importante esclarecer que a focinheira não é a mesma coisa que mordaça. Esta sim, é uma agressão ao animal e deveria até ser proibida porque mantém a boca do cão fechada, dificultando a transpiração, a respiração, o impede de latir, beber água, etc.

No Brasil já se fabricam focinheiras de alta qualidade e segurança que não devem nada às importadas. São confortáveis, bem ventiladas e oferecem segurança às pessoas e ao cão. Desta forma você se torna um dono responsável, propicia mais qualidade de vida ao seu animal, segurança à população e cumpre a lei.

COMO ACOSTUMAR O CÃO AO USO DA FOCINHEIRA OU DO GENTLE LEADER

Para que se acostume com naturalidade ao acessório, seja ele uma focinheira ou Gentle Leader, é necessário um período de adaptação e deve ser feito aos poucos, associando sempre às coisas que lhe dê prazer, para evitar uma possível rejeição.

Coloca-se o acessório no cão por poucos minutos, inicialmente, no local onde ele vive, recompensando-o com petisco, brinquedo, carinho ou afagos assim que retirá-lo. Comece com pouco tempo e vá aumentando a permanência aos poucos. Procure motivá-lo e distraí-lo com brincadeiras para desviar a sua atenção do acessório que está usando e para que sinta que está lhe agradando.

Se ele gosta de passear na rua ou andar de carro, antes de sair ponha o acessório ao menos durante parte do passeio.

Nas primeiras vezes é normal o cão tentar tirá-lo. Nesse caso, não deixe que tire, acalme-o com a voz e com afagos. Assim que ele se acalmar, retire o acessório e dê as recompensas. Mas espere que se acalme ou ele vai aprender que ao fazer “birra” consegue se livrar do acessório.

No período de adaptação nunca devemos associar o acessório a situações estressantes, pois a chance de que rejeite é grande. Se tudo correr normalmente o acessório poderá ser usado por períodos mais longos e em qualquer situação sem que ele sinta qualquer incômodo.

A maioria dos cães, de qualquer idade, pode se acostumar ao uso tanto da focinheira quanto do Gentle Leader. Certamente, quanto mais cedo se inicia, mais rápido e tranquilo será o processo de adaptação.

Tentar fazer a adaptação em momentos de estresse, com uso de violência ou em ocasiões desconfortáveis como banho e tosa ou consulta com veterinário gera insucesso.


A OBRIGATORIEDADE DA FOCINHEIRA

Ágeis e ferozes, ao atacarem, alguns cães podem causar grandes estragos e em poucos minutos protagonizarem cenas assustadoras. Seus proprietários podem ser indiciados, dentre outras acusações, por lesão corporal culposa e omissão de cautela na guarda do cão. Além de ser multados.

No caso de São Paulo, a lei determina que os cães não podem circular em locais públicos sem coleira, guia de condução, enforcador e focinheira e vale para raças consideradas de características extremamente agressivas como Pit Bull, Rottweiler e Mastin Napolitano. A pena prevê multa.

Mas cada cidade pode estabelecer os seus critérios. Em Curitiba, por exemplo, a lei abrange um maior número de raças. Vale para Pastor Alemão, Fila, Rottweiler, Dobermann, Mastim Napolitano, American Staffordshire, Pit Bull e Bull Terrier – ou qualquer outro cão com mais de 20 quilos. Em Belo Horizonte, a obrigatoriedade das medidas de segurança limita-se ao Pit Bull.

Cabe ao Centro de Controle de Zoonoses e às prefeituras realizarem o trabalho de fiscalização e penalizarem os verdadeiros infratores: os donos. Está comprovado que o aumento dos acidentes que envolvem ataques de cães é resultado direto da irresponsabilidade dos donos e do treinamento que dão a seu animal.
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O MITO DA “RAÇA-PROBLEMA”

As pessoas cometem um grande erro ao relacionarem a raça de um cão com seus problemas comportamentais. O mesmo acontece quando fazem generalizações a respeito de raças humanas ou etnias (quando dizem, por exemplo, que todos os irlandeses são beberrões, que todos os italianos são brigões, que todas as mulheres brasileiras são “fáceis”, que todos os portugueses são burros, que todos os baianos são preguiçosos, etc).

Segundo Cesar Millan (o especialista em cães mais requisitado dos Estados Unidos), quando as pessoas interagem com seus cães, devem se relacionar com eles na seguinte ordem:

1. Um animal;
2. Uma espécie: Cão (Canis familiaris)
3. Uma raça (Golden Retriever, Bóxer, Pit Bull, Pastor Alemão, etc)
4. Um nome (personalidade)

No que se refere a tentar entender e corrigir a conduta de um cão, a raça vem sempre em terceiro lugar.

Não existe “raça-problema” e sim “donos-problema”!!!

A raça é algo que os seres humanos criaram. Os geneticistas e biólogos acreditam que os primeiros seres humanos que conviveram com os cães escolheram lobos desgarrados com corpo e dentes menores – talvez porque representassem menos riscos e por serem mais fáceis de controlar. Depois começaram a casalar cães para produzirem filhotes que fossem bons em determinadas tarefas. Por isso, hoje em dia, temos centenas e centenas de raças, com utilidades diferentes.

Quando se escolhe um cão é importante pensar na raça, mas é essencial lembrar que por trás de todas as raças existem, primeiro o animal e depois o cão. Todos os cães têm a mesma psicologia. A raça é apena uma roupa que nós usamos e, às vezes, um conjunto de necessidades especiais que podemos ter. Ninguém será capaz de entender ou controlar o comportamento de um cão vendo-o simplesmente como uma “vítima” da raça.

Todos os cães têm as mesmas habilidades inatas, mas algumas raças foram selecionadas de modo a acentuar certas características. As pessoas têm o costume de associar, erroneamente, essas habilidades condicionadas à personalidade do cão.

Isso não quer dizer que a raça não afeta a sensibilidade do cão a certas condições e ambientes. Na verdade, as necessidades especiais que determinado cão pode ter por causa da raça são uma das coisas mais importantes que um novo dono de cachorro deve levar em consideração ao escolher a raça de seu animal de estimação.

Mas, nervosismo, medo, agressividade, tensão e comportamento de defesa territorial – todos estes problemas e doenças surgem quando o animal e o cão dentro dele ficam frustrados. Não importa qual é a raça. É por isso que é um engano se preocupar com a raça quando se lida com problemas comportamentais.

AS PRINCIPAIS VÍTIMAS DA RAÇA

Pit Bull

Surgido por meio de diferentes cruzamentos para ser animal de briga nas rinhas de cachorro do século XVIII, o temido Pit Bull tem porte atlético, mede cerca de 40 centímetros de altura e pode alcançar os 35 quilos. Os movimentos são tão bem coordenados que o cão é capaz de subir em árvores.

Ele não adverte antes de morder nem pára o ataque quando a vítima se rende, como faria outro cão. Sua boca abre de uma orelha a outra, o que permite o encaixe perfeito dos dentes. Esse fator, chamado oclusão, põe abaixo o mito de que a mordida do Pit Bull pode ter a força de 10 toneladas. Na verdade, a mordida dele chega a ser 10 vezes mais fraca do que a de um Rottweiller (que são 2 toneladas). O APBT (American Pit Bull Terrier) foi criado para imobilização, portanto a sua oclusão (encaixe perfeito dos dentes) e a abertura lateral dos seus lábios lhes dão uma grande área para a respiração, mesmo com as mandíbulas mordendo algum objeto. Essa qualidade pode ser usada para o bem se caso o animal for bem treinado, sendo capaz de carregar coisas pesadas por longas cainhadas. Animais disciplinados nunca mordem a mão de seus treinadores, mesmo quando estão eufóricos e seus treinadores seguram o objeto a ser mordido (bola, pau ou qualquer outro brinquedo.

Muitos veterinários e criadores alegam que a agressividade de alguns exemplares da espécie tem a ver com a educação recebida por eles nos primeiros meses de vida. Mas, a imagem de que todo Pit Bull é um cachorro violento não é verdadeira. Se for bem ensinado, ele será um cão dócil e companheiro.

Mastim Napolitano

Parecido com o fila brasileiro, o mastim napolitano é outra raça considerada uam “fera perigosíssima”.

É um cão enorme e costuma ser confundido com o fila brasileiro. Os machos podem pesar 70 quilos e medir 75 centímetros.

Foi difundido em Roma. Tropas imperiais os colocavam à frente dos exércitos para atacar soldados e cavalos inimigos. Mas não é agressivo sem razão. Se a sua agressividade for controlada desde cedo pode conviver tranquilamente com pessoas e outros animais. Bom de guarda, está sempre vigilante.

Rottweiler

Criada na Alemanha, a primeira vista, a raça dificilmente mostra simpatia com estranhos.

Forte e musculoso, o Rottweiler tem o poder de arrancar um pedaço do corpo humano com uma única dentada. Alguns medem até 68 centímetros de altura.

No passado, eles foram usados para proteger rebanhos até servir como cães policiais no início do século XX. Trata-se de um animal vigoroso e seguro de si. Pode atacar o dono se não for bem treinado. O adestramento, porém, consegue torná-lo bastante obediente.


Pareço uma fera?

Fontes:
Site: http://www.gentleleader.co.uk/
Site: www.lordcao.com/gentleleader
Revista “Veja SP” de 12 de Janeiro de 2005
Livro: Adestramento Inteligente – Com Amor, Humor e Bom Senso
,,,,,,,,,Alexandre Rossi
Livro: O Encantador de Cães – Compreenda o melhor amigo do homem
,,,,,,,,,Cesar Millan