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JUNTAS, para mais uma batalha |
Muitos de vocês, que nos acompanham aqui no
Blog ou pelas redes sociais, sabem que no inicio deste ano a Cléo foi
diagnosticada com Câncer. A partir daí, passamos a compartilhar o passo a passo
que estamos seguindo desde a cirurgia de retirada do tumor primário (encontrado
no intestino). Falamos sobre o que é o Câncer, como ele atinge nossos mascotes,
como prevenir, como diagnosticar, quais os sentimentos que tomam conta de nós
quando recebemos a notícia, etc. Podem ler ou reler tudo isso nos posts “Câncer Canino: Juntos podemos vencer esse bicho papão” e “Câncer Canino: Diagnóstico”.
E vamos seguir com a nossa série de
matérias relacionadas ao assunto. Pois a nossa intenção é, além de dividir com
vocês as nossas angústias, nossos medos, nossas vitórias e nossas descobertas,
compartilhar informações relevantes e que contribuam para que possamos salvar
cada vez mais vidas. Mais que isso, queremos aprender como lidar com essa
doença e como proporcionar a melhor qualidade de vida a um cão oncológico. E,
claro, mostrar esse aprendizado para vocês.
Pois bem, acompanhando a linha cronológica
dos posts, já que retiramos o tumor primário da Cléo, descobrimos qual o tipo
específico de câncer que ela tem, sabemos a forma de atuação deste tipo de células
e quais os riscos da doença, agora chegou a hora de decidir qual caminho seguiremos.
O câncer – seja em humanos ou em animais -
é uma doença muito difícil de controlar. Mas, se o diagnóstico é feito em fase
inicial e o tratamento for realizado da maneira correta, as chances de uma vida
com qualidade ou até mesmo a cura são significativas.
O tratamento é escolhido de acordo com o
tamanho da lesão e sua extensão. Normalmente, em oncologia veterinária, o
tratamento da doença baseia-se na cirurgia, quimioterapia e radioterapia, que
podem ser usadas unicamente ou em combinação entre si e/ou com outros
tratamentos e terapias.
A cirurgia é particularmente importante no
tratamento dos tumores sólidos (aqueles que formam nódulos e massas) e, é
recomendável que o cirurgião seja um profissional habilitado (cirurgia
oncologista) para realização das técnicas de exérese (extirpação) e
reparação (plástica) do paciente.
A quimioterapia é a terapia de eleição para
os tumores hematopoiéticos (linfomas, leucemias, mielomas) e também para os
tumores venéreos transmissíveis em cães (TVT). E costuma ser o “carro-chefe” no
tratamento complementar à cirurgia para os tumores com potencial de
disseminação metastática (se espalham por outras partes do corpo).
Alguns pacientes com cânceres avançados
(sem possibilidade de cura ou com doença metastática) também podem ser
beneficiados com quimioterapia (exemplos: carcinoma mamário inflamatório,
linfoma recorrente). A radioterapia, embora não muito utilizada no Brasil, pode
ser particularmente útil em casos de remoção incompleta do tumor ou como
terapia paliativa em casos em que a cirurgia não é possível.
Algumas opções de protocolo de tratamento
do câncer incluem ainda: terapia imune (promove a estimulação do sistema
imunológico, por meio do uso de substâncias modificadoras da resposta biológica),
terapias paliativas (indicadas para os casos sem possibilidade de cura, apenas
para contenção do crescimento do tumor, visando melhor qualidade de vida
através da prevenção e alivio do sofrimento imposto pela doença) e manejo da
dor (prevê a dor e administra medicações e/ou terapias, garantindo assim o
máximo conforto para o animal).
No caso específico da Cléo, para o GIST
(Sarcoma Estromal Intestinal), a cirurgia costuma ser o tratamento de escolha,
especialmente para tumores únicos que ainda não apresentam metástases. E foi o
que fizemos. Imediatamente após a
descoberta do tumor, a Cléo foi operada pelo Dr. Gabriel Seabra, do Centro de Saúde Animal ZOOVET.
Após a cirurgia, a terapia com agentes de alvo molecular (quimioterapia) é a
opção mais utilizada para os GISTs metastáticos, enquanto a radioterapia é
muito pouco empregada neste tipo de câncer.
QUIMIOTERAPIA
A
quimioterapia é o tratamento medicamentoso destinado a eliminar ou retardar o
crescimento do câncer.
Normalmente é o procedimento sugerido para tratar os casos malignos
e com tendência a metástases. Também é
usada para tratar formas em que o câncer não pode ser tratado com cirurgia ou
radioterapia, ou, em combinação, quando houver a possibilidade de aumentar a
eficácia destes tratamentos.
O
objetivo da quimioterapia é de tentar controlar ou até mesmo acabar com o
câncer, prolongando a sobrevida e ajudando a melhorar a qualidade de vida do
paciente oncológico.
Algumas
vezes o tratamento pode não resultar na cura da doença, mas pode conseguir
controlar e retardar a progressão.
O tratamento quimioterápico é escolhido individualmente de acordo
com cada caso, levando em consideração o tipo de tumor e sua biologia
molecular (genética e comportamento celular) e o paciente que vai ser
tratado. O protocolo pode variar de algumas semanas a meses e a frequência
pode ser diária, semanal ou mensal.
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Oral e Injetável |
Existem várias formas de apresentação dos quimioterápicos utilizados
na oncologia veterinária. Algumas drogas devem ser administradas por via
intravenosa (na veia, sempre administrados por um profissional veterinário),
outras podem ser administradas em baixo da pele ou no músculo, ou ainda por via
oral (neste caso, pelo tutor do animal). Em alguns casos, o medicamento pode
ser injetado diretamente dentro do tumor.
Para alguns tipos de câncer, é o tratamento mais eficaz oferecendo a
melhor oportunidade para atingir remissão (quando o câncer é indetectável)
enquanto preserva uma boa qualidade de vida. Um bom exemplo deste tipo de
câncer é o linfoma, em que dependendo do tipo celular (B ou T) pode conseguir
remissão em 90% dos casos.
A quimioterapia também é recomendada após remoção cirúrgica de um
câncer maligno, para prevenir a recorrência local e impedir que este se espalhe
(metástases) ou mesmo usada antes da remoção cirúrgica para diminuir o tamanho
do tumor e facilitar sua ressecção.
Pode ser utilizada, ainda, em pacientes em que não é possível a
remoção cirúrgica ou em casos que já sofreram metástases. Nestes casos o
objetivo do tratamento não é a cura, mas melhorar a qualidade de vida do
paciente (voltam a comer, caminhar e brincar).
O tratamento quimioterápico do câncer em animais compara-se
com a medicina humana. Os riscos associados à quimioterapia variam de acordo
com o protocolo utilizado. Os quimioterápicos não são específicos às células
cancerígenas e podem afetar outras células normais do corpo que também estão em
rápida multiplicação.
O que se diz em relação aos efeitos colaterais, é que cães e
gatos geralmente toleram a quimioterapia muito melhor do que os pacientes
humanos. Perda de pêlo é rara em pequenos animais, sendo mais comum no poodle,
yorkshire, schnauzer e shitzu e os gatos podem perder os bigodes. O pêlo volta
a crescer após o tratamento. Os efeitos mais comuns são vômito, diarréia,
náusea, perda de apetite e toxidez à medula óssea (afetando a produção de
glóbulos brancos e deixando o animal mais susceptível à infecção).
É esperado pelo menos um destes sintomas durante o tratamento.
Mas é importante salientar que cada animal reage de uma maneira individual ao
tratamento quimioterápico, sendo possível ter uma reação inesperada a um agente
ou nenhuma reação a todo o tratamento.
Retornos periódicos para reavaliação (feitos a cada dois meses
inicialmente, e a cada 6 meses posteriormente) são muito importantes para
detectar o reaparecimento do câncer, antes que esteja em estágio avançado. Mas podem ser feitos em intervalos menores de
tempo, caso o tipo de câncer seja agressivo e de rápido crescimento.
As opções de tratamento e as chances de sucesso são maiores
quando a doença está em estágio inicial.
Fontes: Site da ONCOCANE e Dra Renata Sobral, CSU Animal Câncer
e Pet Câncer Center
Então, para a Cléo, após a retirada do
tumor, a indicação de tratamento complementar foi a quimioterapia. Com a
natureza metastática agressiva do GIST a idéia seria atacar as células cancerígenas,
numa tentativa de inibir ou retardar o seu desenvolvimento.
A Dra. Renata Sobral, da Clinica OncoCane, oncologista que
acompanha a Cléo, sugeriu como primeira opção um quimioterápico oral. E, como
segunda opção, a quimioterapia comum, intravenosa, a ser feita na própria
clinica.
Eu precisei de um tempo de reflexão
para poder reunir e analisar todas as sugestões, indicações, informações e
experiências que recebi. E, principalmente, ouvir o meu coração.
Não era uma decisão fácil. A primeira
opção, do quimioterápico oral, poderia ter efeitos colaterais mais leves, mas
acarretaria num custo mensal bastante significativo, que talvez eu não
conseguisse manter, além da incerteza de se conseguir a medicação com a
frequência necessária, pois trata-se de um medicamento importado que
dificilmente se encontra no mercado brasileiro. As condições financeiras não me
permitiram optar por este tratamento. E quanto às sessões de quimioterapia
tradicional, ainda que não tenha efeitos colaterais tão agressivos em animais como
são nos humanos, existe o risco.
Eu tinha que levar em consideração a
idade dela e outros problemas que afetam a sua saúde, além do câncer - como a
displasia coxofemural, por exemplo. E, mais que isso, eu tinha que pensar,
principalmente, na vida que ela merece viver. A Cléo sempre foi uma cachorrinha
ativa, alegre, aventureira. Sempre amou brincar, correr, nadar, estar em meio a
natureza... E um dos principais efeitos colaterais da quimioterapia, que mais
me chamou a atenção, foi a possibilidade da queda de imunidade. Como falei no texto acima, a quimioterapia pode
afetar a produção de glóbulos brancos, deixando o animal mais susceptível a
infecções oportunistas.
Com o sistema de defesa frágil, ela
ficaria exposta a adquirir doenças transmitidas por agentes infeciosos, como
bactérias, fungos, parasitas e vírus. Verminoses, pulgas e carrapatos, por
exemplo, são agentes infecciosos que deixam o organismo dos animais em
desequilíbrio. Assim como também a baixa umidade de ar, ambientes com muita
corrente de ar, contato com produtos químicos que causam alergias e até mesmo o
estresse, poderiam afetar a minha filhota.
Ela teria que viver cercada de
cuidados, ainda maiores do que os que já temos. Seus passeios seriam
consideravelmente reduzidos; não poderia ficar muito tempo exposta ao sol ou ao
vento; nadar poderia implicar num resfriado ou mesmo pneumonia; uma picada de
pulga ou carrapato poderia ter resultados graves; as brincadeiras com outros
cães e até mesmo com sua irmãzinha, a Alegria, seriam arriscadas porque
qualquer arranhão ou mordidinha um pouco mais forte poderia infeccionar.
Definitivamente eu não a via feliz
neste cenário. E eu também me via meio em pânico com essa possível rotina de
proteção e zelo grau máximo.
Mas, e aí?! Se nós não seguiríamos os
tratamentos recomendados pela oncologista, o que faríamos? Deixaríamos a doença
a vontade? Sim, porque ela estava ali… independente do qual seria o nosso
próximo passo.
Uma decisão muito difícil. Uma escolha
cruel. Uma mãe (sim, porque, no final das contas, é o que eu sou dela, de certa
forma) nunca deveria passar por isso... Ter que escolher entre batalhar para
salvar a sua filhota ou não mexer em
algo que pode ficar pior... Confiar que tudo vai ficar bem...
Pois bem, depois de muito refletir,
decidi que não seguiremos nenhuma das opções de tratamentos quimioterápicos mencionadas.
Devo confessar que essa foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Mas o
meu coração me disse para não submetê-la a nada que, por um instante ou por 1%
de chance que seja, possa tirar o brilho do seu olhar. É isso!!!
Que fique claro que eu não sou contra o
tratamento quimioterápico e muito menos julgo ou (menos ainda) condeno quem
escolhe esta opção. Há vários casos de pacientes oncológicos – humanos ou
caninos – que já foram beneficiados pela quimioterapia. Mas tem que ser uma
decisão muito bem ponderada e tomada com muito bom-senso, pensando,
principalmente, no que será melhor para o paciente. Talvez, se a Cléo fosse
mais nova e não tivesse outras complicações de saúde que tiveram que ser
levadas em consideração, eu optasse por tentar a quimio. Quando ela foi
diagnosticada com displasia, eu tentei de tudo um pouco – transplante de
células-tronco, implante de ouro, acupuntura, ozônioterapia, etc. Eu digo que
só não plantei bananeira na Av. Paulista porque ninguém me disse que isso poderia
ajudá-la. Mas ela tinha 6 aninhos, era outro cenário, outra situação. Agora,
ela já tem seus 9 anos de idade, seus problemas articulares não se limitam
somente ao quadril, as complicações poderiam ser pesadas caso ela viesse a
sofrer com os efeitos colaterais da quimio, enfim... Nesse momento, para ELA, a
melhor opção é abrir mão do recurso.
Eu farei sim, tudo o que estiver ao meu
alcance para garantir que ela viva, o tempo que tiver que viver, com qualidade,
bem-estar, alegria e o seu brilho no olhar.
O seu tratamento será voltado a evitar
qualquer sofrimento e oferecer-lhe uma ótima qualidade de vida, mesmo
convivendo com a doença. E isso será proporcionado com uma super dieta baseada
numa alimentação especialmente balanceada e com o foco na estimulação do seu
sistema imunológico; com terapias alternativas e paliativas que proporcionarão
conforto e alivio de qualquer dor ou incômodo que possa surgir; e com um
protocolo controle frequente através de exames que nos permitam detectar, o
quanto antes, o surgimento de novos tumores, se eles surgirem; um suporte
espiritual poderoso, com muita fé e vibração de boas energias... e muito, MUITO
AMOR, meu e da sua irmãzinha.
Nós estaremos orientadas, supervisionadas e
acompanhadas por uma SUPER equipe de profissionais de diversas especialidades
que estão se unindo ao nosso redor: Dra. Renata Sobral (Médica Veterinária
Oncologista da Clinica OncoCane), Dra. Ana
Carolina Rubio (Médica veterinária e nutróloga da Pet´s Mash
Alimentação Natural), Dra. Natália De Mathis (Médica Veterinária e Acupunturista
da Ma Vie Reabilitação Animal), Dr. Gabriel Seabra (Médico
Veterinário Clínico do Centro de Saúde Animal Zoovet)
e Themis Regina Kogitzki (Instrutora e especialista em Massoterapia Canina da Anima Therapy).
E, claro, uma torcida imensa de amigos, fãs e familiares que vivem nos enviando
manifestações de carinho e mostrando que essa luta é de todos nós.
Nos próximos posts, nós vamos falar de cada
um dos tratamentos e terapias que atenderão a Cléo e mostrar seus efeitos,
nosso dia-a-dia, o que funcionou, o que não funcionou...enfim, vamos
compartilhar a nossa experiência com vocês. E, quem sabe assim, não podemos
ajudar ouros animais que estejam passando pela mesma situação?
Só não podemos esquecer que cada plano de
tratamento deve ser analisado e definido em conjunto entre o tutor e o
veterinário de forma a oferecer o melhor para as necessidades de cada animal. O
que não funcionaria para a Cléo, pode funcionar para o seu mascote. E o que
funciona para o seu mascote pode não ser o melhor para a minha Cléo. Seu
veterinário deverá trabalhar acompanhando a segurança e a eficácia do plano escolhido.
Cada escolha é individual. E é isso o que
a minha filhota escolheria, se tivesse consciência do que se passa. É isso que
ela merece. A certeza de que tudo fiz, faço e farei, pensando sempre no melhor
para ELA. E vamos passar por mais essa experiência JUNTAS!
Larissa
Rios
Muito importante o compartilhamento da sua luta com sua guerreira. Feliz em conhecer tamanho amor. Obrigado.
ResponderExcluirOlá Cristina, nós que ficamos felizes em saber que a nossa luta, de alguma forma, pôde incentivar e ajudar outros cães e tutores. Obrigada pelo carinho. Bjs meus (Larissa) e lambeijos da estrelinha Cléo <3
ExcluirAgradeço os beijos, e aceito os lambeijos da sua eterna Cléo como uma benção à luta do nosso Pandero, que também batalha contra esse mal. Lindo dia à vocês. Obrigado.
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