Como
vocês já leram aqui em um post anterior, a Cléo, minha filhota e mascote da
Turismo 4 Patas, foi diagnosticada com um tumor no intestino. Sim, um buraco se
abriu aos meus pés quando recebi essa noticia. Um filminho, daqueles em que
conseguimos assistir toda uma vida no mesmo segundo em que dura uma piscada,
passou pela minha cabeça, relembrando todos os momentos que passamos juntas. E
um medo gigantesco arrepiou a minha espinha.
Mas
não durou muito ... Foi o tempo suficiente para eu puxar a cordinha do paraquedas
enquanto caía naquele buraco que se abriu aos meus pés... Enxuguei as lágrimas, recolhi os sentimentos
de derrota, fraqueza e pessimismo que tentavam me dominar e tranquei dentro do
baú do esquecimento.
Ainda
que o câncer seja ameaçador (e é, muito!), não significa uma sentença! E cá
estava eu, assimilando a minha primeira lição: o diagnóstico do câncer não
determina o final da linha. Ele apenas dá a largada para uma sequência de
batalhas. E como eu nunca fui de fugir de nenhuma guerra, parti para o ataque.
Nós
poderíamos ter algo muito importante ao nosso favor: especialistas afirmam que,
quanto mais rápido a doença for diagnosticada, maiores são as chances de cura,
pois tudo depende do tipo de tumor e do quanto a doença está avançada. A Cléo
havia feito uma Ultrassonografia a cerca
de 6 meses (quando apareceu o sangramento nas fezes) e o tumor não havia aparecido
nas imagens. Portanto, era bem provável que ele não estivesse ali há muito
tempo... a gente pode ter pego tudo bem no iniciozinho.
Mas,
para sabermos qual era a real situação lá dentro e também obtermos outras respostas,
precisávamos realizar uma cirurgia de extração do tumor.
Mal
tive tempo para decidir, até porque não havia o que se pensar. Era preciso
retirar aquele tumor do intestino da Cléo com urgência e começarmos a agir.
A
cirurgia ocorreu no Centro de Saúde Animal Zoovet,
onde a Cléo foi operada pelo Dr Gabriel Seabra, e durou 4 (intermináveis) horas.
Eu quase surtei, ali sentada na recepção da clinica!! Na verdade, o que mais
tomou tempo foi a sedação, já que a minha pequena guerreira deu algum trabalho
para se entregar à anestesia. E também o fato de que a equipe médica teve todo
o cuidado para que o tumor fosse retirado com boa margem de segurança e o
intestino fosse o mais preservado possível. Deu tudo certo!!
Diante
de todo o risco de uma cirurgia aos 9 anos de idade e de ser um procedimento
bastante delicado e invasivo, minha filhota resistiu bravamente e 2 dias depois
já estava em casa, serelepe e alegre. Uma recuperação extraordinária!
E
agora, com o material em mãos, o passo seguinte seria o envio para as análises
que nos dão o diagnóstico e a identificação do câncer.
COMO O
CÂNCER É DIAGNOSTICADO
Exames de
imagem e clínicos podem encontrar os tumores. Mas só a partir das análises
laboratoriais das amostras coletadas destes tumores, é que podemos obter o
diagnóstico específico.
Um
diagnóstico de câncer é realizado através das analises das amostras de células
ou de tecidos ao microscópio. Em alguns casos, testes laboratoriais como DNA e
RNA, ajudarão a dizer se o câncer está (ou não) presente. Estes testes também
podem ajudar na escolha das melhores opções de tratamento. Análises das células
e tecidos podem evidenciar muitos outros tipos de doenças e não só o câncer.
Por exemplo, se os médicos não tem certeza de que um nódulo é cancerígeno (nem
todos os nódulos são câncer), eles podem processar a amostra para determinar se
é câncer ou eventualmente outra enfermidade como uma infecção ou outras
alterações que podem causar o aparecimento de lesões parecidas com o câncer.
O primeiro processo que é realizado para este fim se denomina biópsia, e a amostra de tecido é chamada espécime de biópsia. O exame é denominado de Exame Patológico. É ele que determina se um tumor é maligno ou benigno.
Os resultados de biópsias e citologias de rotina podem levar de 1 até 7 dias para ficar pronto, após a amostra ser recebida no laboratório.
O primeiro processo que é realizado para este fim se denomina biópsia, e a amostra de tecido é chamada espécime de biópsia. O exame é denominado de Exame Patológico. É ele que determina se um tumor é maligno ou benigno.
Os resultados de biópsias e citologias de rotina podem levar de 1 até 7 dias para ficar pronto, após a amostra ser recebida no laboratório.
E
foi depois de dias de imensa ansiedade e expectativa (e muita torcida para que
o tumor fosse benigno), que ouvi, numa voz disfarçadamente embargada do Dr
Gabriel, que, infelizmente, o resultado apontou o tumor da Cléo como maligno.
Eu
demorei a aceitar que ouvi aquilo, nem sei como dirigi de volta pra casa e,
quando cheguei lá e me deparei com ela, desabei num choro compulsivo, que foi
interrompido por uma lambida. Mais uma vez, lá estava ela, ao meu lado, pra me
consolar, dizendo, à sua maneira, que tudo iria ficar bem.
Quantas
lições essa cachorrinha já me deu ao
longo da sua vidinha!! Pois é, nós duas
sabemos, como poucos, levantar e sacudir a poeira... E, não seria um tumorzinho
que iria nos derrotar. Não assim, tão facilmente!
TUMORES: BENIGNOS E MALIGNOS
Esta é a questão que mais nos assombra quando detectamos um
tumor, seja em um humano ou em nossos animais. É a partir desta identificação
que traçamos todos os passos seguintes, que respiramos um ar mais denso ou mais
leve, que necessitamos de mais ou menos reforço em nossa fé.
Como já falamos, é através da análise das
células ou de um fragmento do tecido que compõe o tumor (a biópsia), que o patologista
confirma a natureza benigna ou maligna da neoplasia.
Basicamente, a diferença entre benigno e maligno é definida
pela aparência e estrutura das células atacadas pelo tumor.
Os tumores benignos são constituídos por células bem
semelhantes às que os originaram e não possuem a capacidade de provocar
metástases. Já os malignos são agressivos e possuem a capacidade de infiltrar
outros órgãos. Eles crescem localmente, de forma lenta, e não têm a capacidade
de se espalhar para outras regiões do corpo. Na maioria dos casos pode ser totalmente removido (e o paciente curado)
por meio de cirurgia.
Os tumores malignos (tumores cancerosos) são aqueles que têm a
capacidade de se espalhar, as vezes rapidamente, para outras regiões do corpo, quer localmente,
através da corrente sanguínea, ou através o sistema linfático. A cura neste tipo de tumor depende do
diagnóstico precoce e do tratamento adotado. Muitas vezes, necessitam de quimioterapia e Radioterapia, na
tentativa de se chegar a células cancerosas que se espalharam para além da
região do tumor ou são deixados para trás após a cirurgia de remoção de um
tumor
Após a cirurgia caso sejam deixados
alguns resquícios de células, tanto os tumores benignos (mais raramente) quanto
os malignos podem reaparecer mais tarde perto da região do tumor original. A cirurgia para remover um tumor maligno
é mais difícil do que a cirurgia de um tumor benigno.
Fontes: Hospital Albert Einstein, Oncoguia, Site da ONCOCANE e Dra Renata Sobral (www.renatasobral.com.br)
Bom,
agora que já sabíamos com “o quê” estávamos lidando, precisávamos saber com “quem”
haveríamos de aprender a conviver.
COMO O
CÂNCER É IDENTIFICADO
Embora a maioria dos cânceres possa ser identificado após o Exame
Patológico (biópsia), às vezes, é preciso utilizar outros procedimentos
especiais para se obter um diagnóstico mais preciso e identificar o tipo e grau
exatos de um câncer.
São estudos especiais que podem utilizar-se de corantes químicos, da
análise de alterações cromossômicas, da identificação de sequências de DNA
específicas , e outros. No caso do tumor da Cléo, submetemos a amostra à
análise imunohistoquímica.
Imunohistoquímica (ou coloração por imunoperoxidase) é um método de
análise dos tecidos via microscópio, que utiliza anticorpos produzidos em
laboratório para reconhecer antígenos que estão ligados ao câncer, buscando
identificar características moleculares das diversas doenças. É muito útil na
identificação de certos tipos de cânceres.
Em diversos casos é necessário utilizar o exame imuno-histoquímico,
por exemplo, para fornecer dados mais preciosos e individualizados sobre o
melhor tratamento e provável evolução do câncer. Esse exame pode auxiliar em
diversas situações, tais como o diagnóstico de tumores indiferenciados -
definir se um tumor é um carcinoma, linfoma, melanoma ou sarcoma. Como cada
tipo de tumor tem um tratamento e evolução diferente, é importante tentar
diferenciá-los através da imuno-histoquímica, que vai pesquisar moléculas
associadas a diferentes tipos de tumor, podendo nos apresentar a caracterização
de linhagens de diferenciação de células tumorais.
E,
no resultado do exame Imunohistoquimico, tivemos o desprazer de conhecê-lo: Sarcoma Estromal Intestinal , também
conhecido como GIST (ou Tumor Estromal Gastrointestinal ).
O
GIST é um tipo raro de tumor do trato gastrointestinal (TGI). É raro mesmo em humanos
e dificilmente encontrado em cães. Com alto grau de malignidade, tem uma significativa tendência a metástases. Estes tumores são considerados
verdadeiros “achados clínicos” (que, cá pra nós, eu preferia não achar).
Sua causa está mais fortemente ligada à
mutações genéticas. O termo estromal é referente à origem das células que
formam este tipo de câncer, que são provenientes do estroma - tecido de conexão
e sustentação do TGI (trato gastrointestinal. Os sintomas podem ser: hiporexia,
dor e distensão abdominal e sangramentos digestivos, mas a maioria dos casos
são assintomáticos e isso dificulta seu diagnóstico precoce. A Cléo, como
sabemos, só apresentava uma pequena quantidade nas fezes e nada mais.
![]() |
Locais de surgimento do GIST primário |
Normalmente aparecem através de um tumor primário,
que se localiza em uma única área. Segundos estudos da organização GIST
Support, os locais de maior incidência do tumor primário são: estômago (55%),
duodeno e intestino (30%), esôfago (5%), reto (5%) e colon (2%), além de outros
locais mais incomuns. No caso da Cléo, o tumor estava localizado bem no meio do
intestino (região mesogástrica intestinal) . Nessa situação são denominados
tumores localizados.
Entretanto, os GISTs podem ser bastante
agressivos e com grande potencial para se espalhar para outras partes do corpo
(normalmente fígado, cavidades abdominais e, mais raramente, linfonodos), formando
novos tumores em outros locais diferentes de sua origem, sendo classificado
como um tumor metastático. Esse é o nosso caso, infelizmente. (Fonte: GIST Support)
Por isso, a partir do momento do dignóstico
e da identificação do GIST, toda e qualquer providência que tomaremos, será com
o objetivo de inibir e controlar o desenvolvimento das células cancerígenas que
a Cléo mantém em seu organismo.
Juntamente
com a Oncologista, Dra Renata Sobral, da Clinica Oncocane, que passou
a acompanhar a Cléo a partir dai, e o Dr Gabriel Seabra, do Centro de Saude
Animal Zoovet, que é o clinico geral da Cléo, vamos pesquisar e analisar as
principais opções de tratamentos indicadas para este tipo de câncer.
As
dúvidas são muitas e, juntamente com elas, os receios. A Cléo é uma jovem
senhora, com um quadro de displasia coxofemural grave, algumas lesões na
coluna... portanto, qualquer que seja a decisão, deve ser tomada com muita
cautela. É preciso avaliar bem as opções, os prós e os contras de cada uma
delas e pensar, acima de tudo, no bem-estar da minha filhota.
Seja
qual for a decisão, tenho certeza de que a minha pequena guerreira vai lutar
com unhas e dentes pelo tempo que lhe restar... irá aproveitá-lo segundo por
segundo, pois ela sabe muito bem como fazer isso...e vem me ensinando a cada
dia...
Larissa
Rios
Bom dia Larissa e Cléo guerreira, este Blog está se tornando extremamente importante e interessante, podendo trabalhar com prevenção e controlés para com os nossos peludos
ResponderExcluirObrigada
Oi Larissa , em humanos esse tipo de cancer (GIST)é tratado com um medicamento via oral, mesilato de imatinibe , que age no alvo molecular da doença, com pouquissimos efeitos colaterais.
ResponderExcluirQueridos amigos do Turismo 4 Patas.
ResponderExcluirgostaria que soubessem que meu querido filhinho Milo foi embora em 13/02 deste ano.
Parece que a dor nunca vai ter fim...
Obrigado pelos momentos especiais que vocês ofereceram a ele.
Oi Cristina, sim, o Imatinibe é utilizado no tratamento de humanos. Mas não há estudos no uso com animais.
ResponderExcluirPara os pets, existem outras medicações quimioterápicas, como o Masivet, por exemplo, que a oncologista da Cléo até sugeriu para ela. Mas é um medicamente importado, ainda muito difícil de se encontrar no Brasil e com valor bastante elevado - o que o torbou inviável para nós :-( Mas obrigada pela sugestão
Bjks
Larissa
Paulo, querido, sinto muito pela sua perda. O Milo foi muito amado, com certeza! Nós que agradecemos a você por ter compartilhado conosco o prazer de convivermos com ele. Um beijo grande
ResponderExcluirLarissa
Cléocita da tia...
ResponderExcluirEstaremos sempre com vcs.... Não é uma luta fácil, mas diz aí, quantas outras lutas foram fáceis nas nossas vidas???
Então, vamos juntas. ...
Beijokonas enormes da tia e da Scu!
Querida Tia Ana, muito obrigada pelo carinho e pela companhia de sempre. Bjks para vc e Scu <3
ResponderExcluirLarissa, bom dia!!
ResponderExcluirOntem recebi a imunohistoquimica do meu shih tzu de 10 anos e deu o Gist também!! Pesquisando, encontrei seu blog e seu relato (muito emocionante, inclusive). Gostaria de tirar algumas dúvidas com você! seria possível? Meu e-mail luanajfagundes@hotmail.com e WhatsApp 62 981151853.
É que você disse que o da Cleo estava localizado no intestino e embaixo disse que era metástase. Ele foi pra outro local?
Obrigada!! ♥️ Preciso muito de ajuda nesse momento!