Despedida do animalzinho |
A Cléo já partiu há
pouco mais de 4 meses. Eu já escrevi vários posts nas redes sociais depois que
ela se foi, falando diversas coisas e expondo os meus sentimentos durante esse
processo tão doloroso, que é o luto. Mas vinha adiando esse artigo. É que
quando escrevo aqui no Blog, normalmente, eu trato de temas onde eu falo com
propriedade, com conhecimento e embasamento, para os meus leitores sobre
situações genéricas que, não necessariamente, eu tenha vivido. Às vezes eu
busco informações sobre o tema, consulto especialistas, pesquiso muito até me
sentir preparada para compartilhar com vocês, mesmo sem eu ter passado pela
situação.
Falar sobre algo
tão pessoal e íntimo, como é o processo do luto, é mais complicado. Porque, por
mais que eu tenha lido muito a respeito, pesquisado e consultado profissionais,
é algo muito meu... e de cada um. E é algo confuso também, que vai mudando a
cada instante a intensidade dos seus pensamentos e sentimentos e, consequentemente,
a forma como você se coloca na situação. Por isso, até agora, eu ainda não
havia me sentido preparada para escrever sobre o tema em si.
Mas, este final
de semana, o grupo CÃO VIDA
(um Grupo de Apoio aos Tutores de Cães com Câncer, que eu decidi criar quando
recebi o diagnóstico da Cléo), realizou um bate-papo e palestra com a psicóloga
Eliana Alcauza, do Humanae – Núcleo de Psicologia e Cultura, justamente
sobre ele: o luto. E durante esse
evento, eu aprendi um pouco mais sobre as fases de um luto, pude ouvir dos
demais participantes as experiências deles neste processo e pude falar sobre a minha
vivência de uma forma tão leve e clara que me fez perceber que, sim, eu estou percorrendo
caminho certo e estou preparada para falar, escrever e viver esse processo. E
chegou a hora de compartilhar isso com vocês.
Segundo a psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross existem
5 fases do luto:
1)
Negação
Quando negamos o problema, tentado
encontrar algum jeito de não entrarmos em contato com a realidade, evitando,
por exemplo, falar sobre o assunto.
2)
Raiva
Aqui é a hora de nos revoltarmos com o
mundo. Brigamos com a vida, com Deus, com o universo. Nos sentimos injustiçados
(porque eu?) por estarmos passando por isso.
3)
Barganha
Quando começa a fase da negociação,
inclusive consigo mesmo, fazendo promessas e dizendo que será uma pessoa melhor
se sair da situação.
4)
Depressão
É a fase do isolamento, de nos
recolhermos para nosso mundo interno, sendo dominados pela melancolia e nos sentindo
impotentes diante da situação.
5)
Aceitação
É o estágio em que já não há mais
desespero e conseguimos enxergar a realidade como realmente é, ficando prontos
pra enfrentar a perda ou a morte.
SIM, eu sei que as
teorias e estudos sobre o luto falam da perda de um ente querido, referindo-se
aos humanos. O próprio significado da palavra, no dicionário da língua portuguesa,
diz que trata-se de um substantivo masculino, que define “um sentimento de
tristeza profunda pela morte de alguém”. E até mesmo a definição das
fases, obviamente, estão baseadas nos sentimentos do luto pela perda de um ser humano.
Por isso, a
maioria das pessoas que perde um pet, evita expor sua dor porque “os outros vão me achar ridícula por estar
sofrendo tanto pela morte de um cão”. Que se exploda o que os outros vão
pensar!! O que importa é o que você está sentindo e, se alguém a sua volta não
consegue entender ou ao menos respeitar, o problema não é seu.
Na
verdade, no sentido amplo (e prático, da vida, do nosso dia a dia), o luto é um
processo necessário e fundamental para preencher o vazio deixado por qualquer
perda significativa não apenas de alguém, mas também de algo importante, tais
como: objeto, viagem, emprego, ideia, e, também, pelo animal de estimação.
Saiba
que, de acordo com depoimentos de pessoas que já passaram pelas perdas, tanto
de seres humanos como de animais de estimação, a intensidade da dor imediata
que você sente no ato da despedida é exatamente a mesma!! E sim, o processo do
luto também. Ainda mais quando o amor, ao longo da vida, teve a mesma força.
Estabeleça o seu ritual, no seu tempo |
Então, quero compartilhar
aqui, algumas descobertas nas minhas fases e dar algumas dicas para quem esteja
passando pelo mesmo processo doloroso após ter se despedido do seu animalzinho:
1) PERMITA-SE SENTIR
A DOR
Eu não me lembro de, até o momento, ter sentido
uma dor tão dilacerante quanto a que me acometeu no momento da partida da Cléo.
É algo indescritível, que só se entende sentindo. Uma falta de ar, um desespero
e a sensação de estar sendo cortada ao meio por uma lâmina afiada... tudo ao
mesmo tempo, em uma fração de segundos, que me fez achar que eu morreria junto.
Algo apagou tudo o que estava ao meu redor e concentrou toda a minha atenção
somente nestas sensações. Eu queria ter a capacidade de entrar nela ou me
fundir a ela, e partir junto. “O que eu
vou fazer?”, “Como vou viver agora?”, “Porque você me deixou?”, “Volta, pelo
amor de Deus!”... estes e outros pensamentos invadiram a minha mente
naquela hora, enquanto eu a abraçava e chorava. Pareceu uma eternidade, mas não
passou de alguns poucos minutos. E logo, eu fui tomada por uma inércia, uma
sensação de dormência, de estar sonhando... e já não conseguia coordenar
pensamentos, sentimentos e movimentos. Eu não tinha capacidade de responder por
nada, nem por mim mesma. E me entreguei. Me deixei cuidar. Tive a grande sorte
de ter ao meu lado pessoas especiais e muito queridas, que cuidaram de tudo...
do corpinho dela, da sua cremação, da notícia para as demais pessoas e de mim. Eu
vinha de um período de luta pela saúde dela, onde não me permiti fraquejar nem
um instante, até que chegasse o final. Ela descansou, era o meu momento de
descansar também. Eu só queria chorar e dormir, e foi isso que me permitir
fazer por 2 dias. Me permitiria quantos mais dias eu sentisse que seriam
necessários. Chorei na cama, chorei no chuveiro, chorei no chão da cozinha,
chorei... senti doer a cabeça, o coração, o estômago... doeu muito e eu deixei
doer. Eu me permitir deitar lá no fundinho do poço e ficar lá até que o meu
coração deu o sinal de que estava pronto para iniciar o processo de
reconstrução.
2) RESPEITE-SE E COMPREENDA
O SEU TEMPO
Eu me dei o direito de decidir o meu tempo
para cada coisinha, cada decisão, cada mudança que tivesse que ser feita após a
morte da Cléo. Só voltei para nossa casa, dois dias após a sua partida. Não fui
já dando fim a todas as coisas que lhe pertenciam ou traziam lembranças dela.
Doei alguns objetos de cara, outros foram sendo doados aos poucos. E alguns
pertences dela ainda estão comigo, pela casa... e nem sei se algum dia serão
descartados. Eu não quis fazer velório ou assistir à sua cremação. E, só
realizei o ritual de liberar as suas cinzas, quando encontrei a oportunidade
ideal para fazer uma despedida à sua altura. Eu evitei ir a alguns lugares “nossos”
nos primeiros dias e também adiei o encontro com as pessoas com as quais convivemos,
por que não me sentia preparada para encará-las. Eu tenho um tufo de pêlos dela guardado até
hoje e, de vez em quando, vou lá e dou uma cheiradinha para matar a saudade do
seu perfume. Minha casa tem fotos dela espalhadas por cada canto. Eu recebi
muitos conselhos, opiniões, idéias... respeito e agradeço por cada uma delas. Mas,
em respeito a mim mesma, escolhi os meus tempos e as minhas opções. Às vezes tenho a sensação de que ela se foi há
muitos anos. Outras vezes, me parece que foi ontem.
São apenas 4 meses e já não me dói tanto como
no início. Eu consigo escrever e falar dela sem chorar. Há dias em que não
derramo sequer uma lágrima. Por alguns momentos me questiono se é normal eu já
estar me sentindo tão bem. Mas ai percebo que isso não significa que eu não
sinta sua falta, que ela não tenha mais importância em minha vida ou que não
doa mais. Eu só me permiti viver e sentir as fases conforme elas foram
acontecendo. E isso talvez tenha me ajudado a transformar aquela dor
dilacerante do início, numa saudade gostosa.
Em alguns momentos me pergunto “Como pode já não existir mais? Não estar
mais aqui?” E tá tudo bem eu continuar me perguntando isso.
3) EXPONHA SEUS
SENTIMENTOS E COMPARTILHE O SOFRIMENTO
Eu amo escrever e isso me ajuda a expor os
meus sentimentos. Eu sou uma pessoa um tanto quanto reservada. Não sou muito
boa com as palavras verbais e não tenho tanta clareza com a fala, como tenho
com a escrita. Por isso, especialmente nos primeiros dias após a morte da Cléo,
eu escrevi. Escrevi muito! Coloquei tudo que vinha à minha mente ou ao coração,
para fora. Dividi, compartilhei, expus. Foram textos longos, profundos, por
vezes tristes, outras vezes mais motivadores. Não sei se todos os meus contatos
das redes sociais curtiram esses posts, se houve quem achasse que era exposição
demais, se alguém achou aquilo meio deprimente ou chato, se alguém me deu um “block”
ou deixou de me seguir, se acharam que eu estava passando dos limites ou me
aproveitando da situação para ganhar mais visibilidade... Ou, ainda, possivelmente,
houve quem achasse que era drama demais para “apenas um cachorro”.
Bom, se alguma destas opções se tornou real, sorry. O espaço é meu, não obrigo ninguém a me adicionar
ou acompanhar minhas publicações, portanto escrevo o que eu quiser (claro,
desde que não ofenda ou atinja de alguma forma ninguém). Não concorda, não gosta
ou acha chato, basta não ler. Mas, respeito é bom, e não só eu, como todo
mundo, gosta!
O que eu sei é que muitas (muitas mesmo)
pessoas leram, se emocionaram, se identificaram, se solidarizaram, comentaram,
compartilharam e curtiram meus posts. Algumas pessoas que já haviam passado
pelo mesmo que eu, se sentiram compreendidas ou mesmo entenderam melhor os
sentimentos que as acometeram nas suas experiências. Outras, que estavam
preocupadas comigo, mas que não tinham coragem de me ligar ou escrever
perguntando como eu estava, sentiram-se aliviadas por terem noticias e saberem
como eu estava lidando com a situação. Houve também quem aproveitasse para me
consolar, para oferecer ajuda, um ombro amigo, para dizer o quanto elas também
estavam sofrendo com a partida da Cléo, enfim...
Isso foi parte essencial do meu processo de
reconstrução. Me fez sentir que eu não estava sozinha, alegrou o meu coração
por saber o quanto a minha filhota era querida e, de alguma forma, pertencia a
todos. Também passei a ter um sentimento de gratidão ao ver que a minha experiência
estava ajudando outras pessoas a passarem pelo processo delas de uma maneira
melhor. É como se eu tivesse encontrado sentido para aquilo tudo. Como se eu
tivesse dividido o meu sofrimento com dezenas de outras pessoas. Cada vez que
eu escrevia um texto, eu dissolvia um pedacinho da dor.
Portanto, ponha pra fora, seja na escrita ou
falando com seus amigos e familiares. Fale, escreva quantas vezes for preciso.
Quantas vezes você sentir vontade. E se alguém não quiser te ouvir ou ler, não
tem problema, busque quem queira! Mas não se reprima. Você vai ver como tudo
ficará muito mais leve.
4) CULTIVE
PENSAMENTOS E SENTIMENTOS POSITIVOS
Eu sei que é difícil, que nos primeiros dias,
as imagens que irão tomar conta da sua mente são sempre as mais dolorosas.
Especialmente se o seu animalzinho passou por uma fase difícil, enfrentou uma
doença, morreu nos seus braços ou você teve que eutanasiá-lo e presenciou isso.
Sim, eu sei... a imagem do corpinho inerte do seu mascote irá, de todas as
formas, tentar invadir seus pensamentos e até mesmo seus sonhos. Acolha também
esse momento, mas não o deixe dominar o espaço por muito tempo. Aos pouquinhos,
vá tentando puxar lá de dentro do seu coração, as imagens dos momentos em que
vocês foram felizes juntos. Lembre-se da infância dele (caso você o tenha
conhecido filhote), lembre-se das peraltices, dos passeios, das lambidas... Certeza
de que você tem aí no seu arquivo muito mais lembranças positivas do que
negativas. Eu por exemplo, convivi 9 anos com a Cléo e somente no seu ultimo
ano de vida ela teve problemas de saúde sérios e tivemos momentos difíceis. O
que significa que tenho 8 anos de momentos felizes para lembrar. E como fomos
felizes!!! Pense nisso. No quanto você o amou, cuidou... se você está passado
pelo processo de um luto pelo seu animal e está dedicando o seu tempo para ler
esse artigo, é porque você foi um tutor maravilhoso. O melhor tutor que ele
pode ter tido, até o final. Portanto, ele foi sim, um animalzinho feliz e amado.
A Cléo não sofre mais, não sente mais dores, não tem limitações. Eu não passo
mais pela angústia de não ter certeza do que ela está sentindo, de não saber se
eu posso fazer algo diferente. Eu sei que eu fiz o melhor que pude. E dei todo
o meu amor.
5)
NÃO TENTE SUBSTITUIR
Sabe aquele ditado que diz que “Ninguém é insubstituível” ?!
Pois é, eu não concordo muito com isso não. Eu
acho que cada coisinha desse universo é única (incluindo os seres) e que não se
pode substituir nada 100%.
Se uma roseira morre, você pode até plantar
outra roseira. Mas, repare bem, não será exatamente igual à anterior. Talvez o
vermelho das pétalas não seja tão vivo, talvez os galhos pendam mais para a
direita do que para a esquerda...
Se você teve uma melhor amiga na infância, mas
perderam o contato. Hoje, na vida adulta, você tem outra melhor amiga. Mas ela,
definitivamente, não é igual à anterior.
Cada relacionamento amoroso que você
estabelece é diferente. A receita da feijoada padrão é a mesma, mas em cada
restaurante tem um gosto particular. Com os animais de estimação também é
assim. Você pode ter tido 20 cachorros ao longo da sua vida. Mas cada um deles
era diferente. Com cada um deles você estabeleceu uma relação, você conviveu de
uma maneira particular.
Portanto, quando o seu mascote morre, não
adianta sair correndo e providenciar outro animal para substituí-lo. Porque ele
não será igual, não será o mesmo animal que partiu. E você não pode colocar
essa responsabilidade e as suas expectativas nas costas desse novo serzinho.
Mas isso não significa que você não possa
ocupar o espaço.
Por exemplo: Se perdemos a nossa mãe e temos
alguém (uma amiga, uma tia, etc) que consideramos uma segunda mãe para nós,
nosso coração, de certa forma, satisfaz a necessidade de nutrir um sentimento
dentro de um relacionamento materno e nos sentimos amadas, protegidas,
amparadas por uma mãe. Ainda que não seja a nossa mãe verdadeira, de sangue, e
que tenhamos consciência disso. Nós vamos continuar sentindo saudades da nossa
mãe, mas teremos esse espacinho preenchido em nosso coração por outra pessoa.
Quando a Cléo morreu, eu fiquei meio perdida.
Toda a minha preocupação voltada à saúde dela, todo o tempo que eu dedicava a levá-la
para suas terapias e tratamentos, todo cuidado que eu tinha que ter nas
atividades do nosso dia a dia por conta das suas limitações... o que eu faria
com tudo isso agora? Eu tive que re-organizar toda a minha agenda, porque agora eu tinha
horas sobrando nas minhas manhãs. Eu tive que redirecionar as minhas
preocupações e prioridades. E, sim, eu tive milhares de oportunidades de pegar
logo um outro cachorro (recebi várias fotos de filhotes para doação, amigos que
queriam me presentear, etc), mas isso não resolveria. Porque não seria a Cléo,
seria um NOVO cachorro. E eu tinha que ter consciência disso primeiro.
Se você não tem um outro animalzinho, consegue
ter a plena consciência do que acabei de escrever e sente-se preparado para se
dedicar e amar um NOVO ser, então não vejo problema algum em pegar um outro
animal logo em seguida. Lembre-se: o tempo é seu!
Eu não me sentia preparada e, além disso, eu
não estava sozinha... eu tinha a Alegria (minha outra mascote). E, nesse
momento, eu decidi que precisava voltar a minha atenção para ela, para nós. Eu
percebi que, até ali, seja por conta da intensidade da relação que eu tinha com
a Cléo, seja por causa do tempo e da atenção que a Cléo me demandava, eu ainda
não tinha conseguido estabelecer uma relação de verdade com a Alegria. Não que
eu não a amasse, que não cuidasse bem dela, nada disso... mas é que, de certa
forma, ela sempre esteve em segundo plano. Porque mesmo quando eu estava
passeando, viajando ou vivendo algum momento só com ela, eu estava com o meu
pensamento na Cléo, eu sentia falta da Cléo, eu sentia até mesmo culpa por
estar ali com a Alegria e ter deixado a Cléo em casa.... enfim. Eu percebi que
nunca havia estado ou me entregado 100% para a Alegria. E ela nunca me cobrou,
mas eu sabia que ela merecia isso. Portanto, eu decidi que aquela era a hora de
construirmos a nossa relação. Sem falar que, ela também sofreu com a partida da
Cléo e precisava da minha ajuda para passar pelo processo dela, assim como
estava me ajudando a passar pelo meu.
O processo de luto dá-se tanto em humanos como animais (sim, eles também
vivenciam, à sua maneira, a perda de um irmãozinho ou amiguinho). Em nós,
humanos, o processo de luto é acompanhado por um conjunto de sentimentos, entre
os quais: tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão, fadiga, desamparo,
choque, anseio, torpor, alívio e emancipação. Refletindo-se em sintomas físicos
de vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, falta de ar, falta de
energia, boca seca entre outros.
Nos animais, pode vir acompanhado de depressão, falta de apetite,
agressividade e até mesmo levar a morte. Há diversos casos de animais que
morreram pouco tempo depois de perderem um companheiro.
A Alegria demorou a transparecer, mas sim, teve reações à morte da Cléo.
Ficou mais insegura, carente, desenvolveu medos (ex: chuva e trovoadas) e até
mesmo protagonizou alguns episódios de agressividade contra outros animais.
Um novo
animal, naquele momento, não somente não iria substituir a Cléo, como também
iria me impedir de enxergar que eu já tinha um NOVO animal ao meu lado e que ele também precisava de cuidados. Daqui a um
tempo, nós duas estaremos preparadas para recebermos um novo animal em nossas
vidas.
6)
NÃO SE COBRE OU SE JULGUE
E se eu tivesse voltado com ela para o
hospital? E se eu tivesse feito tal procedimento? Será que eu a amei o suficiente? Será que eu
fiz mesmo tudo o que estava ao alcance? Eu já não choro mais, será que não
estou sentindo sua falta?
O “Será” e o “E Se”, vão nos acompanhar durante
algum tempo... assim como aquelas imagens e lembranças ruins que falei lá no
item 4, eles vão tentar dominar a sua consciência fazendo com que você se
questione, se julgue, se puna... Não se cobre. Assim como eu, tenho certeza de
que você fez o possível pelo seu animalzinho e teria feito mais, se houvesse
possibilidades. Teria impedido o acidente se fosse possível, teria levado em
mais um especialista se houvesse chance de cura... Se você ainda chora, mesmo
depois de anos, é porque ainda há sentimentos para colocar para fora. Se você
não chora, não significa que não sinta falta, mas que talvez a felicidade de
ter tido aquele animal em sua vida seja maior que a dor da ausência dele. Se
você tomou optou pela eutanásia ou o deixou partir de morte natural, certeza de
que tomou a melhor decisão para vocês dois e que escolheu isso com muito amor. Não
se cobre. Não se julgue. O que passou, passou e aconteceu como deveria ter
sido. E, caso haja novas chances, poderão ser diferentes...ou não.
7) BUSQUE ACREDITAR
EM ALGO QUE TE CONFORTE
Eu acredito que a Cléo veio para minha vida
com uma missão. Na verdade ela veio por varias razões, ela veio com alguns
desafios. Para me inspirar e criar a Turismo 4 patas,
para me ensinar sobre a relação cães e tutores, para me apresentar a pessoas
que hoje são essenciais em minha vida, para me fortalecer em diversas situações
difíceis, para me mostrar que sou capaz de superações nunca pensadas, para me
tornar mais humana, para me ensinar a amar incondicionalmente e até mesmo para
me ensinar a lidar com a morte (algo que eu tanto temia). Eu sei que ela veio
para minha vida por uma razão... e que não poderia ser nenhum outro animal, que
não ela. E eu sei que, quando ela cumpriu o seu papel, até o último desafio,
ela partiu. Ela foi para um lugar onde poderá se recuperar dos efeitos desta
sua ultima encarnação, se restabelecer e se preparar para uma nova vida... com
uma nova missão e novos desafios... seja ao meu lado ou ao lado de uma outra
pessoa. Eu acredito nisso e isso me conforta, me traz paz.
Independente de crenças ou religiões, busque
acreditar em algo que acalente o seu coração. Seja em reencarnação, seja no
fato de que você deu ao seu animal a melhor vida dele, seja no fato de que agora aquele corpo físico não
sofre mais... enfim... eu acho que a fé nos fortalece, nos coloca de pé e nos
ajuda a seguir em frente. E é isso que precisamos, dar os passos, sejam maiores
ou menores, sejam lentos ou rápidos... mas que sejam para a frente. Acreditando.
8) SE NÃO CONSEGUE
SOZINHO, PROCURE AJUDA!
É importante perceber quando não conseguimos
encarar a situação sozinhos, quando não conseguimos dar os passos adiante e,
deixar o orgulho, a vergonha ou o que quer que seja que esteja te bloqueando a
gritar por socorro de lado. Não é nenhum atestado de fraqueza assumir que não
está conseguindo e se deixar ajudar. O que não pode é se afundar na tristeza,
que pode evoluir para uma depressão e ocasionar problemas muito mais graves. E
nada de sair tomando remédios para dormir ou acalmar por conta própria, ok?
Um psicólogo poderá identificar o estágio do
luto em que você se encontra e o ajudar a vivenciar os sentimentos e analisar
os pensamentos da melhor maneira, sem evitá-los. E assim, você poderá se
permitir vivenciar o seu luto.
Não existe uma
sequencia dos estágios de luto, assim como também é muito particular a forma
com que cada pessoa lida com esse processo. Não há tempo definido para cada
fase, nem para o processo terminar. Tudo depende da pessoa e da sua perda. E
não, não há como se preparar para isso. Por mais que você leia sobre o assunto,
converse com pessoas que passaram pela experiência, quando chegar a sua hora
possa ser que aconteça tudo diferente. E não há como fugir, todos nós que temos
animais vamos passar (ou já passamos) por isso... e pelas perdas de outros
entes também.
O que eu posso te
dizer é que, sabe aquele ditado “A gente
só dá valor quando perde?”, com esse eu concordo! Esse é um sábio ditado ao
qual devemos prestar muita atenção e seguir. Devemos valorizar o que temos,
enquanto temos. Pois não sabemos quando vamos deixar de ter. E é da natureza
humana, se perder no tempo, se distrair com outras coisas e só nos darmos conta
da importância de algo ou alguém, depois que o perdemos. Não deixe mais esse
sentimento tomar conta de você durante o seu processo de luto. Dê valor, ame,
cuide, desfrute da companhia do seu animalzinho enquanto o tem ao seu lado
fisicamente. E faça isso já, agora. Porque, infelizmente, eles vivem muito menos
do que gostaríamos. Tenho certeza de que, assim, o seu coração se sentirá um
pouquinho mais preparado para enfrentar o luto.
Cléo |
Larissa Rios
Minha Nina se foi sábado passado (25/03/2017). Sinto falta dela, e muito, sinto saudades, parece que a casa está vazia, embora tenha outras duas "filhas", mas não me sinto triste. Sua passagem foi muito rápida, sem dor ou sofrimento, talvez isso me consola. Bjs no coração
ResponderExcluirRo, sinto muito pela sua perda. Mas, pro outro lado, fico feliz em saber que o seu processo está sendo leve e tranquilo, apesar da dor. É isso ai, pensamentos e sentimentos positivos... um passo década vez. Um abraço forte! Larissa
ResponderExcluirLindo Larissa!
ResponderExcluirTe admiro muito!!!
Super obrigada!! <3
ExcluirAdorei teu texto, Larissa! Aliás, teu blog! :D
ResponderExcluir<3
ExcluirNuma manhã de julho, ele se foi. Meu primeiro cão de coração, Righel, Pastor Branco Suiço com 15 anos. Já há alguns meses vinha sofrendo com a idade, pouco levantava, pouco andava, mas seu olhar não deixava duvidas que estava conosco em sua plenitude. Vinte dias antes da partida, teve uma crise séria e parou de andar sem ajuda. Tentei com tudo que tinha, a familia inteira, enrolavamos ele num lençol e levavamos para suas necessidades.Foram 20 dias de luta ingloria contra infecção urinária, e outros problemas que advém dessa quase "maldição do Pastor Alemão"... Tive que trabalhar na minha cabeça por 15 dias a decisão de abreviar a vida dele. Nossa... como foi duro. Mais duro ainda era ver ele com dor, e dificuldade de urinar quanto eu tentava levanta-lo. Afinal era um cachorro de 40 quilos, sem força nas patas traseiras. Não houve jeito... A idade avançada e as complicações venceram. Partiu tranquilo abraçado comigo, numa manhã de inverno... Cuidei do seu corpo e fizemos juntos uma ultima viajem até o crematório...Fiz questão de acommpanhar meu amigo, filho, irmão, companheiro inseparável até o ultimo momento. A dor, a saudade, o vazio são indescritiveis. Passado quase um ano, até hoje os olhos encharcam de saudade. Nunca haverá outro igual, que segue guardado no meu coração até que um dia a gente se veja de novo. A irmã viralatinha dele também logo irá, pois além da idade ela foi muito afetada com o luto, por mais que tentassemos protege-la. Há pouco mais de 6 meses, chegou em casa outro branquelo, Zandor, um anjo de 4 patas que vem para não deixar ninguém quieto. Lindo e unico, mas que nunca preencherá o espaço que sempre será do Righel. Cada um tem um pedaço do nosso coração. Acho que se resume como na musica "tem sido um longo caminho sem você meu amigo. Mas falaremos sobre isso quando nos vermos de novo"
ResponderExcluirRicardo, querido, muito obrigada por compartilhar a sua experiência. Lindo! Vamos nos novamente, em breve, e conversaremos ainda mais sobre isso. Um beijo grande em vcs dois
ExcluirMeu menininho se foi sábado dia 7to tão triste escolhi chorar muito como a casa esta vazia floquinho meu amigo companheiro meu menininho tenho um paninho dele para cheirar ta bem difícil msn.
ResponderExcluirEste blg e lindo me ajudou muito so entrei como anonimo porque não consigo acessar minha conta meu nome nanci meu menininho que se foi era floquinho.
ResponderExcluirNanci, sinto MUITO pela partida do Floquinho. Mas, por outro lado, fico feliz me saber que o nosso blog te auxiliou, te trouxe algum conforto, apoio. E tenha certeza de que o Floquinho foi muito amado e teve a melhor mãe e a melhor vida. Fique bem, em paz.. chore quando e se quiser. Mas não se deixe dominar pela tristeza... esse sentimento não tem lugar numa relação tão linda!! <3 bjs
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